Este estudo teórico-empírico trata das práticas de gestão social das águas minerais de Cambuquira, Minas Gerais, identificadas pelas seguintes categorias: discurso, mundo material, ação e interação, relações sociais e pessoas. Como concepções teóricas assumimos a abordagem habermasiana da gestão social e discussões sobre práticas. Utilizamos as seguintes técnicas qualitativas de pesquisa: observação participante, pesquisa documental e diagnóstico rápido participativo emancipador. As práticas identificadas foram: Preservação e Proteção das Águas, Crenoterapia, Turismo nas Fontes, Uso Local, Engarrafamento Industrial, Pesquisa Acadêmica e Contestação Pública. Os resultados mostram o potencial de articulação em rede dessas práticas na formação de um sistema deliberativo de decisões a partir da visão da gestão social. Todavia, as práticas com características da gestão social (práticas de gestão social) ainda são limitadas por diversos elementos: (a) a separação jurídica entre águas minerais e outras águas, com diferentes arranjos institucionais; (b) a dominialidade das águas minerais é da União; (c) em Minas Gerais, o arranjo institucional atual coloca as águas minerais sob a égide da CODEMIG e não do IGAM; (d) a CODEMIG tem uma valoração econômica das águas minerais em detrimento da ambiental, cultural e tradicional; e (e) existem assimetrias e conflitos entre diversos atores em torno da questão e os processos são judicializados.